Freqüentadores e demais,
Primeiro, gostaria de me desculpar novamente pelo cancelamento em cima da hora da sessão, por mais que eu não tenha que fazer isso. Pra mim, isso foi um vexame: divulgar uma sessão, preparar o material gráfico, fazer a pesquisa e rever o filme inúmeras vezes pra afinar o debate é um exercício que só se torna completo quando chega a exibição.
Foi com um telefonema de rotina, que por segurança faço toda tarde de sábado de Goteira, que um funcionário da Secretaria me informou que a única caixa de som que ainda funcionava estava ruim. Ou seja, só fiquei sabendo disso porque eu liguei pra eles.
Vocês, que freqüentam o cineclube, sabem que as condições da sala beiram a precariedade há muito tempo. Apesar da nossa insistência em fazer acontecer – em dar público e movimentar o espaço e a cidade –, não vimos nada sendo feito para solucionar nem mesmo parte dos problemas. Muitos viram, durante a sessão da MFL2009, uma das caixas de som torrando e nosso salvamento heróico através de uma gambiarra. Nosso salvamento.
Tais problemas traziam limitações às intenções do cineclube. Cineastas consagrados que topavam acompanhar uma sessão no cineclube ficaram “na reserva”, pois eu não achava justo receber uma pessoa importante e exibir seu filme destorcido pelo projetor e com o áudio estourado.
Isso não inclui apenas a parte física da sala, mas também outras questões de organização para a Prefeitura receber sessões aos sábados. Em pequenas coisas como pedir para deixar a porta da rua aberta ou, ao menos, acender as luzes do salão principal, sempre recebemos respostas grosseiras dos seguranças. Em contrapartida, não foram poucas as pessoas que, vendo a porta fechada com tudo apagado, deram meia-volta achando que não havia ninguém.
Vale comentar aqui uma experiência que tive durante a 4ª Baixada Animada, em que fiquei responsável pelas exibições em Mesquita. A Secretaria nos conseguiu duas ótimas caixas de som provisórias previstas para toda a mostra, de 3 dias. No meio do segundo dia, minutos antes de uma das sessões com o público dentro da sala aguardando, uma tropa de funcionários entra na sala e leva as caixas para outra atividade. “Ordens do Prefeito”.
Sendo assim, na impossibilidade de medidas ou soluções concretas, minha idéia inicial é agradecer à Secretaria de Cultura pelos anos de parceria e aprendizado, aproveitando o mesmo aperto de mão para me despedir e desejar sorte para o audiovisual da cidade. Agora, é pensar com a ajuda de vocês uma alternativa para seguir com as exibições. A gente sabe que isso não vale de nada, mas já faz parte da cabeça e do cotidiano de muita gente.
MT
PS: O último filme do Zelito Viana é uma atrocidade. Ruim de doer. Nem os peitinhos da Mariana Ximenes salvam.
Matheus tamo junto nessa parada Cine Clube para agente é coisa séria. Agente faz isso por que gosta e as sessões do Cine Goteira são ótimas. Não importa o lugar onde elas aconteçam sempre elas serão ótimas. Você é irmão e o Cine Goteira é irmão do Coletivo Anti Cinema. Nós sabemos como é a resistência pelo áudio visual aqui na Baixada. Tamo jnuto sempre! Assim como estamos juntos com o Cine Rock e com o Centro Cultural Donana essa é nossa família e isso nos une. Não queremos ganhar estatus em cima do sangue e nem da imagem dos outros. Muitos querem isso mais nós não, apenas queremos mostrar que é possível fazer cultura na Baixada de forma diferenciada, botando a cara e somando com os verdadeiros. E agente sabe quem é verdadeiro nessa grande batalha, agente sabe quem é que vive essa parada e soma sem glamourizar a visão e a produção cine clubista do nosso território. O que mais me chama a atenção é que você é um cara que gosta de cinema e sabe quais são as visões sobre cinema. Não é um cara que esta se aproveitando do cinema para arrumar grana para beber no bar do Ananias, até por que todas as sessões do Cine Goteira são gratuitas e feitas na raça. Isso é o nosso grande diferencial um apoia o outro e irmão você não tá sozinho nessa não. Tamo junto no front, sem pensamento de ar condicionado. Até por que o ar condicionado da sala de cinema Zelito Viana foi para o espaço, mais mesmo assim estavamos lá para fortalecer esse trabalho coletivo.
Marcio Grafifti, Coletivo Anti Cinema (Agente reconhece os verdadeiros a cada batalha)
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